domingo, 30 de janeiro de 2011

Orgulhos

Tirada anteontem, por Nanã Sousa Dias.
Vejam a foto publicada aqui, para apreciarem melhor a definição e o contraste. Não é digital...
Informação adicional:
Homemade 4x5" point-&-shoot camera, Fomapan 100 Fomapan 100, Cokin Red, Schneider Super Angulon 47 mm XL

sábado, 29 de janeiro de 2011

Clube dos Escribas

A nossa Captain apareceu com uma caixa de bolinhos sortidos, água e cafézinhos para quem quisesse e um presente inesperado: um livrinho de encadernação artesanal com todos os nossos textos! Soltámos "Ohs!" e "Ahs", lemos os textos mais recentes, alguns que ainda não conhecíamos.
Agasalhámo-nos bem e saímos para a Praça do Saldanha, a cumprir um plano que vinha sendo adiado desde a segunda sessão, devido ao mau tempo. A P. mandou-nos sentar nos bancos da paragem de autocarro, atravessou a rua e foi colocar um dálmata de loiça, daqueles bem pirosos, perto do duque de pedra. Em tamanho real, de cachorro com 4 meses, ele ali ficou, meio desamparado, sem saber o que fazer. As pessoas olhavam para a P. e para o seu saco de cartão vazio, julgando-a louca; olhavam para nós, que observávamos o espaço e o ambiente à nossa volta e tomávamos notas. O que estaria este grupo de malucos a fazer? A praça era a de sempre, qual era a novidade?, sem perceberem que meia hora mais tarde iria transformar-se no que fizéssemos dela. Regressámos à pequena sala da 004 e à nossa clarabóia, que nos ilumina. Escrevemos e lemos para os outros o nosso texto. Como sempre, os olhares foram distintos, cada um com a sua voz.
Chegou um pastel de nata com uma vela e cantámos os parabéns à Dada, que fez anos ontem.
Logo depois a Mestra surpreendeu-nos com outro exercício: tu, Dada, vais escrever sobre o Pedro, tu Miguel, vais escrever sobre a Margarida, tu Ana, sobre a Rute, tu Vera, sobre o João, e os outros...vice-versa, claro. Foi aí que se abriram as torneiras. Uma choradeira pegada!
Houve um pequeno discurso dedicado a cada um: o que aprendemos, o que representa a nossa escrita, o que se modificou em nós. Mais lágrimas. Guardei o meu guardanapo amarelo, húmido de emoções, dentro do livrinho-surpresa. Sentimentalismos.
No fim, o concenso e o alívio: a confirmação de que continuaremos juntos aos sábados de manhã, em encontros um pouco mais espaçados. Iremos escrever mais, trabalhar mais, colaborar nos projectos de escrita de cada um.
Os dados estão lançados, os laços foram criados. E é por isso que iremos continuar a encher de palavras as nossas folhas brancas e  tornar mais sinceros os nossos dias.
Dedico este texto a todos os escribas e em especial à nossa Oh Captain, my Captain: Patrícia Reis.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Isto é que era!

Vejam e partilhem, antes que o senhor apareça morto ou estranhamente abastado...de patente vendida a quem fecha o segredo a sete chaves, porque isto de carros movidos a ar estragaria o negócio a muita gente.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Rute Reimão

Neste dia bem-vindo de Primavera, depois de tanto frio, escolho esta ilustração belíssima da RUTE REIMÃO, publicada na revista Pais&Filhos, por ocasião dos 20 anos da revista. Muitas das ilustrações da Rute, cujo trabalho eu amo, inspiram histórias, só por si, e são assim, generosas no efeito visual, no impulso de um sonho, à mistura com coisas dos tempos antigos, onde se escondem caligrafias de tinta permanente e trapos das nossas bisavós.
("Quando os filhos deixam o ninho", RUTE REIMÃO)

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Clube dos Escribas

Roubei este texto que me comove do blog da PATRÍCIA REIS. Tenho a honra e a sorte de pertencer a este "clube" e depois de três sessões não posso deixar de copiar o que a nossa "Mestra" escreveu a propósito da partilha de ontem:
"Releio tudo com calma e cuidado. Assinalo aqui e lembro-me da primeira sessão e da forma como na terceira nos lambuzámos de doce de abobóra que a Vera trouxe em pão ainda morno. Trocámos ideias e histórias, colocámos a imaginação ao serviço da escrita e fomos por aí, sem merdas. Sim, sem merdas. Nada de grandes teorias ou prelecções sobre pontuação. Admirar a história, a viragem da história, esquecer o padre e ver a terrorista, pensar em ser um banco de jardim ou um sem abrigo, querer apanhar o norte e só sair às quartas-feiras, ter saudades de um amigo e escrever sobre isso e sobre a morte, expôr o melhor, o que nos vai na alma. A escrita de um é de todos. Nada podia ser mais gratificante.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Doce de abóbora

Esta é a abóbora que tenho na minha cozinha, e com a qual irei fazer compota. A sopa de grelos, com courgette, alho francês, nabo e muitas cenourinhas está ao lume, a apurar. Lá para o fim da tarde vou ao TPC do curso de Escrita Criativa e passear os cães ao pinhal. Há dias assim, caseiros, caseiros.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Filosofices V

Se eu voltasse a ser uma criança, havia de querer fazer uma série de perguntas que na altura não me ocorreram. Agora que sou crescida, até parece mal, mas mal que pergunte...

Versão é um verso muito grande?

Uma cancela cancela o quê?

E porque é que o penteado é tão parecido com o enteado, se não tem nada a ver? Ou tem...? Pente, de pentear? Pentear o enteado? Não percebo quem patenteou isto.

Se disser que estou renitente é porque sofro de uma crise de renite?

E se os preços não forem grande coisa, podemos dizer que é um preçário precário?

A mim é-me indiferente que o "eme" seja Maiúsculo ou minúsculo, jáime les mots, mas sempre ouvi dizer que o tamanho não é importante, que se geme à mesma.

Se me falares em despiste automóvel quer dizer que o deixaste nú? Vestiste o vestido é um pleonasmo? Despiste é verbo ou substantivo? Ai, não percebo nada.

E as ameias e merlões dos castelos? Isso então é que é mesmo confuso: os merlões, se forem cortados em bico, chamam-se merlões chanfrados, o que é de loucos, e nunca tive a certeza se as ameias eram a meias ou não...

Pronto, isto era o que eu perguntava se fosse criança, mas agora sou crescida, já não dá.

(pesquise em "Filosofices" I, II, III e IV para mais)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Sem a letra "U"

Na 2ª sessão de Escrita Criativa com a Patrícia Reis, tivemos dez minutos para escrever a história da Lebre e da Tartaruga...sem utilizar a letra "U". Julgam que é fácil? Bom, pior seria sem a letra "A", mas mesmo assim há uma palavra que faz uma falta terrível.
Tive dois erros, sem direito a chocolate. Vejam lá se dão com eles :)

"Era a vez da história sobre a lebre e o cágado postos na linha de partida para achar o vencedor.
Esta narradora encontra-se em estado de terrível aflicção por saber-se proibida de escrever a vogal do fim das cinco vogais, tornando impossível este exercício!
Lá estão eles, a lebre e o cágado, e não passo disto. Eles na grelha de partida, sem poder arrancar, sem paciência, receando já não sair do mesmo sítio...enfim, o disparo! Lá vão os dois. O mais veloz deixa o rasto de poeira para o réptil? Anfíbio? comer, e desaparece no horizonte. O cágado, coitado, arrasta-se com vagar e avança devagar...mas avança, a defender o ditado que protege e explica a meta dos mais vagarosos.
Bem adiante, perto do maior dos chaparros, a lebre pára para coçar a orelha direita e dormir a sesta merecida. Acorda e constata que o cágado vem a chegar e, espantada, dá novos saltos e corridas, mas tropeça, cai e parte a pata direita da frente. Chorosa, deixa-se ficar, lamentando o azar que teve.
Entretanto o cágado chega e vence, na glória dos lentos!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Em água e sal

Marco Rodrigues no seu mais recente álbum. Letra de Inês Pedrosa, música e arranjo de Tiago Machado.
Uma lufada de ar fresco naquilo que considero estar meio saturado, o fado, e que precisa ser reinventado...como aqui o foi, tâo bem, de tantas formas.
Obrigada, Patrícia.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Gavetas

Para ilustrar a palavra de ordem entre os escribas (eles sabem quem são), trago um texto que tenho em gaveta, porque somos assim, como o quadro de Dalí, compostos por gavetas irregulares e semi-abertas (ou semi-fechadas?) na solidão de um quarto, pedindo uma espécie de socorro ao mundo que vive lá fora, sob a luz, num gesto de mão que não sabemos bem se representa aceno e convite, medo ou proibição. E o corpo assim, descarnado, o esqueleto quase em exposição, cada gaveta uma costela.

Quando era pequena, tinha a mania de bafejar os vidros das janelas e fazer desenhos. Era uma maneira de matar as horas de inverno e fazer alguma coisa alegre daquela condensação fria e triste, enquanto se ia revelando o mundo lá fora, à medida que o desejo avançava. Recordando isso, saíu-me isto...
Hálito

Sou criança sem recreio
Atrás de um vidro de inverno

Lanço pequenas nuvens brancas
Sobre os olhos desta casa

Na tela limpa, sem receio
Transformo os dedos em pintores
No hálito morno das minhas asas
Desenho amores que desprezei
No longo inferno das minhas dores.

Em dias maltratados
Limpá-los, é tudo o que sei
Com aerossóis e jornais do dia
Onde letras miúdas de injuriados
Contam a ofensa das fortunas
Dos submarinos e foguetões
Pontes e estradas e até carris
E fecho a janela, com débil prudência
Ao mundo de bandidos e ladrões
E temo escapar por um triz

Já não traço sóis nem tantas meninas
Não trago amores nem luas frias
Não espreito as abelhas nas flores do jardim
Escondida à janela cristalina
Escondida do mundo, perdida em mim

A pureza teimosa do vidro
Que os meus dedos já não embalam
Quer ser jardim, menina, cupido
Mas ao olhar as lágrimas frias
Escorrendo em gelo derretido
Só vejo ruas, olho os candeeiros
E a cinza invernosa, sem abrigo
E, ai de mim! Terei de os limpar
Quando a janela deixar de chorar

Os olhos da minha meninice
Não são anseios, não são retiros
Nas mãos confirmo um novo pesar
As sombras risíveis da velhice
E guardo o meu hálito já crescido
Para a amargura dos meus suspiros

(Poema meu, Setembro 2010, imagem: "O Contador Antropomórfico", 1936, SALVADOR DALÍ)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Julie&Julia

Ontem à noite vi este filme, que desconhecia. Maravilhoso e divertido. Mais um papel fantástico de Meryl Streep, que representa o papel da Chef de cuisine Julia Child. A actriz Amy Adams, que faz de Julie Powell e em quem reparei há poucos dias no filme "A Vida Num Só Dia", é surpreendente. A realização de Nora Ephron é feminina quanto baste e sem mácula, como sempre. Uma parte da acção é passada nos nossos dias, outra ilustra magnificamente os Anos 50. Aconselho vivamente, a verem "Julie&Julia", baseado em duas histórias verídicas e a terem o frigorífico e/ou a despensa recheados, pois dá cá uma fome...!
Bon appétit!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Escrever com a Patrícia

Cheguei ao Atelier 004 dez minutos atrasada. Com estudos feitos na Escola Alemã, (que é conhecida pelo seu alto grau de exigência e rigor), a Patrícia fugiu à postura "portuga" e lia já um excerto do livro "A Fé de um Escritor", de Joyce Carol Oates. Sobre a mesa, pastas com folhas A4, canetas e lápis, água, cafezinho e bolos! O riso foi uma constante, os textos foram nascendo, com emoção à mistura. Ela a insistir: não vou ensinar-vos a escrever. Mas pôs todos a escrever e é isso que importa. Disseram-se coisas como: Somos pessoas diferentes todos os dias, Estás proibida de deitar fora o que escreves; Para a próxima sessão, trago Vodka preto!
Espreitámos a vida uns dos outros, para nos conhecermos, através das perguntas que a Patrícia ia fazendo a cada um de nós.
Serão quatro sessões apenas. Uma oficina de escrita criativa que poderá estender-se a mais sessões, tudo depende de nós e do ritmo das palavras.
Foi uma forma excelente de passar esta manhã de sábado. Regressei com um exemplar do último número da "Egoísta", dedicado à fotografia (desta vez só imagem, sem texto) e quando cheguei a casa já tinha pedidos de amizade no facebook da parte de alguns dos meus colegas de curso. O trabalho de casa ficará para amanhã. Ficou a vontade de que a semana tivesse mais sábados, para estar lá outra vez em breve, muito breve.
Obrigada, Patrícia, por me levares sempre mais longe.

Coelhíssimos

Ontem revi o filme "Miss Potter", que AMO. Quando o vejo tenho mais uma vez a nítida sensação de que nasci na época errada, de que a minha alma está ali, naqueles lagos, naquelas quintas e paisagens, e que, como Beatrix, fugi da cidade para o campo na tentativa de ser mais feliz. Nada do que tenho se compara ao que encontro neste filme, mas ando um pouco mais próximo. Fiquei com vontade de encomendar "The Complete Works of Beatrix Potter" pela Amazon, juntamente com a sua biografia que inclui ilustrações das várias quintas que comprou e habitou, no Lake District, a fim de preservar a vida rural e agrícola e evitar que as propriedades fossem repartidas e vendidas para construção. Preciso de verde, muito verde na minha vida: vegetação e esperança em grandes quantidades.
Ao pesquisar sobre a vida e obra de Beatrix Potter (nomeadamente sobre a personagem Peter Rabbit) dei, algures num qualquer blog, com estes exemplares gigantescos e fofíssimos. Quanto a vocês, não sei, eu sou incapaz de comer coelho. Olhem para estes bicharocos e digam-me lá se não tenho razão...
Para lerem o artigo completo e ficarem a conhecer melhor este último "coelhinho", venham aqui

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O carteiro

O carteiro parou com a sua mota junto do muro e buzinou insistentemente. Julguei que tinha alguma encomenda para eu assinar, mas não. Estava preocupado com um dos cães que, preso com a longa corrente, estava equilibrado no muro arredondado, acima do seu capacete preto. Ladrava o serra da estrela, ladrava o cão de caça empoleirado, e ele continuava a buzinar e a gritar "sai daí, ó!". A rir, da janela cá de cima do quarto, dei-lhe os bons dias e sosseguei-o:
- Não se preocupe, ele faz isso a toda a hora!
Com cautela, sempre a sorrir, o carteiro colocou o correio na caixa, cuidando que o serra, cuja cabeçorra aparecia intermitentemente sobre o muro, ao nível da mão dele, não lhe desse uma dentada amigável. Gritei-lhe ainda um Obrigada! e ele arrancou na sua mota de alta cilindrada com buzina de automóvel, depois de me acenar um adeus.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"A piece of cake"

Pessoalmente, prefiro bolo-raínha, à base de frutos secos, sem as frutas cristalizadas, mas o bolo-rei é muito mais bonito sobre a mesa.
Tirem uns minutos para comer uma fatia e fazer um brinde. É fácil, porque a tradição ainda é o que era...se quisermos.
Desejo a todos um feliz Dia de Reis.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Inverno

A vela de canela acesa, a chávena de chocolate quente sobre a mesa, a chuva lá fora, Debussy a preencher o silêncio. O tic-tic-tic dos indicadores no teclado, o texto que avança, o tempo que se vai consumindo na paz destes dias de inverno.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ai

Uma pilha de roupa em atraso, a chuva que não pára, um espirro permanente na ponta do nariz, a caixa de kleenex ao lado. Ai.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo

Das coisas mais maravilhosas que já ouvi na minha vida. Que vos sirva de inspiração e consolo para estes tempos difíceis.
Dedico este video ao meu filho.
Obrigada, Nanã.