terça-feira, 31 de agosto de 2010

promessa solene

Eu, Vera de Vilhena, prometo focar-me nos meus objectivos e fazer por cumprir uns quantos compromissos mais elevados, sem permitir que o tempo continue a escapar-me por entre almoços, jantares, redes sociais, tarefas caseiras, cães, família, amigos, vizinhos, sol, praia, piscinas e demais vícios e tentações desviantes.
Nem que o diabo arranque todos os cabelos...não estou para ninguém. Nem para mim. Fui-me.

Imagem: Nanã Sousa Dias

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Um pouco de loucura

A chuva fechou-me em casa e atirou-me para o forno e para os textos. Duas doses de biscoitos, revisão de novos capítulos que não são meus. Andamos todos a rever os ainda-não-livros uns dos outros. Revendo-nos nos outros, fazendo a revisão da matéria alheia, como loucos irresponsáveis ou pequenos deuses atrevidos arregaçando as mangas e metendo mãos na massa; sem conhecer a receita, sem balança nem medida, num ofício subjectivo como a descoberta e degustação de um sabor novo, misterioso. Como uma festa solitária sem convidados. Cozinheiros sem avental, armados com o nosso chapéu de pasteleiros, tentando não queimar mais uma fornada de palavras. Letras enfarinhadas, frases untadas com manteiga, bolinhas douradas de páginas que mastigamos com prazer, enquanto a lua se estende no céu com um sorriso matreiro e cúmplice como o gato de Alice.
A amizade sabe-me a biscoito. 
Escuto aromas, calco parágrafos, amasso ideias, e já a minha boca se adoça na expectativa de mais uma refeição honrada, na promessa do consolo de todos os meus sentidos. Guloso, o espírito brinda-me com uma chávena de Earl Grey com citrinos, aquecendo-me a alma enevoada e deixando-me no coração o doce perfume da bergamota.
Os convidados, leitores destes futuros livros, bebedores de todas as histórias sãs e loucas, estão para chegar a qualquer momento.
Roubei a imagem aqui

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pingas e Pifos

Passámos a sexta na quinta. Um 2º take na propriedade do Afonso e da Teresa, que, como sempre, nos receberam com todas as honras e mimos. Conhecemos a Pinga e o Pifo, dois cães rasteiros e portáteis, tão diferentes dos nossos, mas que alegraram a tarde com a sua esperteza e genica impressionantes. Uma bolinha verde de borracha, carcomida pelas muitas dentadas e caninos cravados, fê-los correr sem parar, numa velocidade inesperada e cómica, que levantava poeira. Tomaram vários banhos de piscina connosco, sempre estimulados pela bolinha de borracha que não parava quieta nas nossas mãos. A Pinga sobe as escadas finas de madeira, de acesso à piscina, qual cão de circo e o Pifo é campeão de mergulho, atirando-se sem qualquer espécie de hesitação, para recuperar o seu brinquedo.
A adega foi devidamete fotografada com tripé, enquanto os miúdos apanhavam sementes de alcaparra, quais gnomos colhendo sementes de linho Mas o prato principal da tarde foram os passeios de moto-4. Andei à pendura com o meu filho, feito condutor rapagão, depois de devidamente instruído pelo dono da casa. É um natural. Circundámos a quinta, andámos pelo meio da vinha, comemos uvas directamente da parra, a cortar o sabor das sardinhas assadas do almoço. Os figos, infelizmente, ainda estavam pequenos, senão, teríamos trazido novo carregamento, como no ano passado. As peras estarão no ponto daqui a duas semanas e nós lá estaremos, para as saborear. Foi uma tarde e peras, não há dúvida. Obrigada, Afonso e Teresa. Foi muito bom.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Até lá

Caros blogueiros, vou estar sem internet até sábado. Ate lá, já sabem, portem-se mal se puderem, transgridam, experimentem, exprimam, expurguem...para desintoxicar a alma.
Eu vou estar aqui, no País das Fadas.

domingo, 8 de agosto de 2010

Um Domingo bem desenhado

Aula privativa de desenho ao domicílio (A Ana é um anjo), de onde saíu um saxofonista esforçado, à luta com as linhas e  as proporções.
Almoço no terraço, em que o guarda-sol fez as vezes de guarda-chuva, para nos abrigar do chuvisco morno e sujo destas águas tímidas e inesperadas: pão, pasta caseira de atum, queijo, salada italiana com tomate cherry da horta do Zé Manel e da Bé, vinho branco, fatia de bolo de anos de amêndoa, café.
Visita do Nuno e da Rita, a deixarem uma auspiciosa garrafa de branco de colheita tardia.
Eu e o meu filho escrevemos cartas para o Micas, que está no Mocamfe sem telemóvel, telefone ou computador: fiz chá para envelhecer três folhas de papel A4 e queimámos as pontas, para fazer uma espécie de papel Tolkiano ou mapa do tesouro, onde iremos imprimir as nossas cartas escritas em old english text e viner hand ITC, a puxar para o antigo.
Ao serão, depois do jantar que ainda não sei qual será, iremos ver o filme "The Talented Mr. Ripley".
Enfim, um Domingo difícil e muito stressado.

domingo, 1 de agosto de 2010

Ilusão de piscina

A bolacha de cimento manchada de água que fotografei da varanda (e que, vista assim, dá a ilusão do próprio nome da casa) ficou esta semana para sempre encoberta - não por uma nuvem - mas pela piscina que já tardava - é agora uma lua encoberta por uma pesada nuvem em estado líquido. Escrevi-lhe uma pequena ode:

"Ilusão de piscina"

É ilusão de uma piscina
Nesta casa sem terreno
Não é longa nem é fina
Mas pretende ser piscina
Neste lugar tão sereno.

Oito faces de madeira
Dão-lhe forma arredondada
Nada de saltos, balanços
Temos que andar bem mansos
P'ra não a ver desarmada!

Várias formas há de vê-la
Do orgulho ao preconceito
Estamos contentes por tê-la
'Inda que ao entrarmos nela
Nos dê água pelo peito...

O melhor é ir embora
Se o desejo é nadar
No máximo, duas braçadas
Em movimentos contrários
Sem sairmos do lugar.

Temos salas, temos quartos
E uma enorme cozinha
Mas quando o calor aperta
A visita é mais que certa
À ilusão da piscina.

(dedicada à nossa querida amiga Rita G.)