sexta-feira, 31 de julho de 2009

Curtindo em NY

A rapaziada, que ainda ontem andava de fraldas, já podia escrever um livro respeitável a contar as memórias.
Este foi o diazinho dos meninos...

"Malta,
Hoje fomos ver o porta-aviões Intrepid, o submarino e o concorde. Os putos fizeram simulador de Força G (eu também com o Micas e vi-me e desejei-me para sair daquela merda, escusado será dizer que ele não conseguiu controlar nada e andámos às voltas a maioria do tempo!). Foi muito engraçado de perceber como é que os navios de guerra funcionam e o submarino foi uma experiencia unica. De repente, desatou a chover. Já estamos em casa, meio podres mas felizes. Beijos de todos a todos."

(PATRÍCIA REIS)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Hotéis para bicharocos

Onde deixar o Gastão? O problema surgiu pois, afinal, não o podemos levar connosco.
Não há problema nenhum.
Há hotéis para cães em todo o lado e custam cerca de um prato num restaurante. Falei com vários responsáveis: sim, tem as vacinas em dia, sim, podem aproveitar para fazer uma sessão de treino com ele (um workshop? Que luxo...), sim, gosta de brincar e de passear ao ar livre...
Tratam-se de 3 ou 4 dias apenas, e temos até a hipótese de um hotel que fica a cerca de 7 km da nossa casa. Dão passeios diários com ele, limpam diariamente o canil privativo de 36m2 e entregam-no de banho tomado, todo limpinho e bem cheiroso. Não percebo. Quando eu vou para um hotel, não me oferecem workshops, não me levam a passear, nem me dão banho. Por 25 euros por dia, então, os nossos cães ficam instalados em verdadeiros SPA's. Ainda existe o serviço de "pet sitting", sabiam? Pois é, se quiserem que os vossos animais fiquem em casa e que tomem conta deles, estas instituições também o fazem: vão ao domicílio duas vezes por dia, alimentam-nos, brincam com eles, dão-lhes medicação se necessário, etc. O preço? Volto a dizer: é um bife. Uma dose de uma porcaria qualquer num restaurante. Para que saibam que não é nada do outro mundo. É só ir à Net e procurar a solução que nos convém.
Aqui ficam algumas sugestões para deixar cães e gatos bem entregues:

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Puppysitter

Hoje estive "de dona". E como o que fiz durante quase todo o dia foi tomar conta de um cão de seis meses e de outro de dois, deixo aqui as fotos que consegui tirar entre balde e esfregona, raspanetes, sustos e brincadeiras.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Um jantar-surpresa


Ontem participei num jantar-surpresa dos 40 anos de carreira da Helena Isabel, em Alcântara. Tudo muito in, com imprensa e muitos Vips da música, televisão e teatro. Ao final da noite, houve jam-session no clube privado. Entre os amigos famosos, contavam-se o Excelentíssimo Sr. Ivan Lins, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Vitor de Sousa, Sílvia Rizzzo, Nuno Nazareth Fernandes, Mafalda Sachetti, Carlos do Carmo, Maria Viana, etc.
Os músicos tocaram, os cantores cantaram e reinou a lei do improviso, misturada com uma boa dose de riso e bom-humor. Conheci facetas novas de alguns artistas e uns dos melhores momentos foi assistir a uma versão espirituosa do "Summertime", ao jeito de Louie Amstrong, interpretada pelo Ivan Lins, com direito a lenço branco para o suor e tudo. Os solos de trombone mimado, com voz, também foram muito bons. Houve duetos, tercetos, quartetos, verdadeiras acrobacias.
Os excelentes músicos que asseguraram a noite foram, como sempre, os primeiros a chegar, e os últimos a sair. Alguns deles, vindos do Porto, para mais com um cachet construído com muito boa vontade, mas pouco dinheiro. Valeu pela música e pelo convívio.
Um grande parabéns à Helena Isabel, que continua linda e com aquele sorriso doce e generoso. Parabéns à Carla, à Esperança e ao Nanã pela organização.
Os músicos:
Nanã Sousa Dias - Saxofone tenor e soprano
Miguel Braga - Teclados
Zé Lima - Baixo eléctrico
Alexandre Alves - Bateria

Os do Porto vieram dormir a nossa casa. Conversámos até às tantas e rimos mais um bocado. Deitámo-nos já o sol nascia, exaustos, mas felizes. Hoje despedimo-nos após uma belíssima sardinhada e o Chico regalou-se com os restos mortais das sardinhas. Foi divertido.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Minority report


A Patrícia Reis, prima e madrinha do Hugo, levou o portátil com ela para NY e tem enviado relatórios diários. São de tal maneira ilustrativos, que quase me sinto lá, com eles.
Deixo aqui o "report" dos primeiros dois dias. Termina por dizer que o meu filho está a ler o velho que lia romances de amor e eu fico espantada, pois só a patas consegue estes milagres: é que esse livro, e muitos outros livros maravilhosos, está no meu escritório, disponível, e ele nunca se sentiu tentado a pegar-lhe. Obrigada, patas.



Malta
Pois hoje andámos às compras no supermercado pelas nove da manhã. NY estava a escaldar pelas 11, mas nós, feitos heróis, decidimos que era um excelente dia para irmos ver a Estátua da Liberdade e Ellis Island. E lá fomos. Comprámos os bilhetes, ficámos 45 minutos numa fila à espera (era suposto ser uma hora e meia) e veio uma senhora dizer que eu tinha comprado um city pass (válido para o Momo, Guguenheim, etc) e podia passar à frente. Os putos fizeram uma festa e lá fomos de ferry. A estátua lá está, andámos ao seu redor, almoçámos por ali num jardim e não conseguimos subir os 394 degraus até ao topo porque só deixam entrar 500 pessoas por dia e pelas dez da manhã já tinham atingido essa lotação. Não houve exactamente uma desilusão, visto estar um calor monstro. O Gugas decidiu cortar um pouco o cabelo, escorria água por todos os lados. Em Ellis Island lá fizemos a coisa didáctica sobre a emigração e a política de entrada nos EUA. Eles fizeram a ponte para o Gran Torino que viram no avião, a salada russa que este país é, e foi engraçado. O regresso mais penoso, porque o metro não parou na nossa estação, mas como já estamos uns profissionais a coisa fez-se bem: muda numa estação, entra noutra, vai a pé dois quarteirões, come melancia gelada, ida ao corte de cabelo, compra a time out no caminho, dizer olá ao Vernon e ao Matt que têm os negócios de bugigangas à nossa porta. Depois de um banho bem merecido, eles jogam peixinho e eu suspiro de alívio,não dá para estar na rua. Mesmo. O Sebastião está a ler o Velho e o Mar do Hemingway, o Gugas o velho que lia romances de amor do sepúlveda e o micas a fada oriana da Sophia. Nem um pio. Deus existe mesmo. Beijos a todos

domingo, 26 de julho de 2009

Annie Proulx e "The Shipping News"




Ontem revi o filme "The Shipping News" (2001), com uma mão cheia de excelentes actores. O realizador Lasse Halstrom (que realizou o filme "Chocolate", da autora Joanne Harris) baseou-se no livro de Annie Proulx, com o mesmo nome, vencedor do Prémio Pulitzer em 1993. É triste que esta escritora e jornalista seja quase desconhecida entre nós: é autora do conto "Brokeback Mountain" (que deu origem ao filme) e ganhou o prémio O.Henry por duas vezes (1998 e 1999) e ainda o prémio PEN/Fawlkner.
Annie Proulx nasceu em 1935 e é uma norte-americana de origens franco-canadianas.
Aqui ficam dois links e outras sugestões de obras da escritora, a terminar pelo livro vencedor do Pulitzer. Além da obra "O Acordeão", a editora Cavalo de Ferro já traduziu "The Shipping News" em 2006. As versões originais das obras conseguem-se facilmente na Amazon, à excepção do controverso "Brokeback Mountain".

Acerca do filme:

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O que ando a ler

Há livros que nos fazem viajar pelo mundo, pelo tempo, pela literatura.
Este, de Alain de Botton, é um desses casos. Recheado de imagens a preto e branco, de citações, de parágrafos escritos em tom de ensaio ou de diário. Uma leitura irresistível. Obrigada, Pedro e João.



"(Flaubert) expõe os seus sentimentos numa carta a Louise Colet, escrita durante uma viagem a Londres, em Setembro de 1851, passados apenas alguns meses após o seu regresso do Egipto:"
/
"Acabamos de voltar de um passeio pelo cemitéro de Highgate. Que enorme degradação da arquitectura egípcia e etrusca, tudo aquilo! Tudo aquilo tão limpo e arranjado! Dir-se-ia que os seus mortos morreram calçando luvas brancas. Odeio os jardinzinhos à volta das sepulturas, com os canteiros bem cuidados e as suas flores desabrochadas. É um contraste que sempre me fez pensar no desfecho de um mau romance. Em matéria de cemitérios, prefiro os que estão em ruínas e ao bandono, invadidos de silvas e ervas bravas, e onde aparece a pastar alguma vaca, vinda de um campo vizinho. Temos de reconhecer que é preferível isso a um polícia fardado! A ordem é tão estúpida!"
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E a propósito do desdém de Flaubert em ser de nacionalidade francesa, e da sua paixão pela civilização árabe, o Egipto e os dromedários, transcreve uma carta que o autor escreveu ainda no tempo de escola, depois de umas férias na Córsega:
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"Repugna-me voltar a este maldito país onde se vê o Sol no céu com a mesma frequência com que se descobre um diamante no rabo de um porco. Não dou uma merda pela Normandia e pela belle France... creio que foi o vento que me trouxe até esta terra de lama; nasci com certeza noutro lugar - sempre tive em mim como que a recordação ou a intuição das praias perfumadas e dos mares azuis. Nasci para ser o imperador da Cochinchina, para fumar cachimbos de cem pés, para ter seis mil esposas e mil e quatrocentos efebos, cimitarras para decepar as cabeças cujo aspecto não me agradasse, cavalos númida, piscinas de mármore..."
(GUSTAVE FLAUBERT IN "A Arte de Viajar",de Alain de Botton, edições Dom Quixote)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Debaixo do sol

Hoje foi dia de festa para a vinha que mora em frente à nossa casa. Todo o dia andaram de roda dela, a prepará-la para a colheita. Depois do temporal de ontem, parece que viajámos no tempo e viemos parar a outra estação. Eu fotogrei-os da minha varanda, discretamente, durante o meu vergonhoso lazer, enquanto eles, os que trabalhavam a sério, suavam sobre as uvas, debaixo do sol.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Desfilharam-me


E pronto, lá se foi o Hugo por três semanas, de férias para Nova Iorque. Que inveja...
Vê lá, Cidade-que-nunca-dormes, se tratas bem do meu filho.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Chico e Gastão

Ontem descobrimos que o nosso rafeirito, o Chico que o Nanã salvou de ser abatido, é, afinal, de raça! É um podengo médio português, de pelo cerdoso! Tomem e embrulhem, donos, afinal, sou brasonado! Está explicado o seu feitio, que encaixa na perfeição no temperamento desta raça. É excelente caçador de coelhos, mas lamento informar-te, Chico, que não vais ter sorte nenhuma, pois nesta casa não se come coelho e gostamos de os ver saltitar lá fora, com saúde.
Já sabemos que o Gastão é um belo exemplar de Serra da Estrela e os dois, Chico e Gastão, estão a começar a dar-se muito bem, ao fim de 3 dias.
A FUÇA DO CHICO:

GASTON À LA TABLE

domingo, 19 de julho de 2009

Os primeiros dias do Gastão


Palavras para quê? Estamos contentes com o Gastão. Ou Gaston (la Gaffe)....? Estamos indecisos quanto ao nome.

sábado, 18 de julho de 2009

Chico, os livros, o trabalho, a família, o cidadão

No ´"Público" de hoje saíu uma excelente entrevista de Isabel Coutinho com o autor que dispensa apresentações. Aqui fica o link, se quiserem espreitar.

http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=236612

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Gastão


Eis que chega mais um membro à família: o Gastão em todo o seu esplendor de Serra da Estrela, com 1 mês e 3 semanas apenas, e 7,250kg. O Chico que não se acautele, não! É que esta bola de pelo vai crescer um bocadinho...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sardinhada

Quando recebemos os amigos em casa queremos que tudo saia perfeito, mas nunca sai. E no fim, ninguém se importa, pois estão todos demasiado ocupados a divertir-se. Então uma pessoa conclui que o importante é o correr das coisas: do vinho, da conversa, do riso. Silêncios, não houve. As conversas atropelaram-se, formaram-se grupos, homens para um lado, falando de aviões e de política, mulheres para o outro, a falar de cães, do que é ser-se boa pessoa, das coisas íntimas do mundo. Pelo meio, registei frases irresistiveis como estas:
Conselhos a um engripado:
- abafa-te, abifa-te e avinha-te.
O Plano Marshall e um raspanete a Portugal, por não ter participado na 2ª Guerra Mundial:
- Ai não quiseste levar com ameixas? Agora também não levas com as cerejas!
Obrigada ao Zé pelo espumante e pelo tinto, ao Zé Manel e à Bé pelo tinto e pelas flores (ADORO girassóis!), à Nanda e ao Tó pelas pataniscas de feijão verde, o semifrio e a ginginha caseira em garrafa personalizada, à Rita pela peça de artesanato que ela própria fez e a todos por terem vindo e contribuído para horas tão bem passadas.
No fim, restaram os copos vazios, as fotografias e a recordação do Zé que, depois de ter recuperado o Chico que se escapou pelo portão, surgiu com ele às costas, qual cabrito, ao virar da esquina. Essa foi uma fotografia que tenho pena de não ter tirado!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um IQ, guarda-sóis, sardinhas, piscina, cães...

Parabéns ao meu mano Pedro, que hoje faz anos!
Hoje foi dia de andar a entrar e a sair do carro: à procura de um segundo cão para fazer companhia ao Chico, de um guarda-sol para a sardinhada que haverá cá em casa amanhã, com os vizinhos que moram neste cantinho que nem aldeia é, e levar a Rita ao stand para escolher um Toyota IQ, e ir ao Sobreiro comprar base de cimento para o dito guarda-sol, e à peixaria reservar 50 sardinhas, e a casa da Rita espreitar a piscina de madeira que nos ofereceu, e chegar a casa e ver imagens de cães serra da estrela cachorros, para não sermos enganados amanhã por uma senhora que faz criação e que está a vender um casal ao preço da chuva... ufa.
Será que é desta que o Chico vai ter um "mano"? Bem precisa, a ver se nos dá uma folga... hoje estou assim, desculpem. É o que temos. Entretanto, é isto que queremos encontrar amanhã... depois das sardinhas, claro.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Filosofices II

Se eu voltasse a ser uma criança, havia de querer fazer uma série de perguntas que na altura não me lembrei. Agora que sou crescida, já não dá.

A gente sabe que a pontuação pode mudar o sentido à frase, aprendemos isso na escola, mas ninguém se lembra que a ordem das palavras também é muito importante: se eu disser que vi imensas dunas, não quer dizer que as dunas sejam imensas. Pode ser a diferença entre estar a falar das dunas do Sahara ou das dunas da Costa da Caparica e depois ainda passo por mentirosa e não é justo. E o mesmo vale para as meninas ricas, que podem estar bem longe de ser umas ricas meninas, pois, pois.

Também tenho outra dúvida: se na vida só ligarmos ao que o corpo pede, e nos ficarmos pela satisfação interna, será que vivemos em eterna insatisfação? É que depois a cabeça vai e queixa-se de falta de atenções, não é? E com razão, acho eu.
E depois também podia brincar um bocadinho com o decorar e escrever um poema ao meu primeiro namorado, a dizer: decorei os teus versos / e com eles decorei o meu coração, ou qualquer coisa pirosa assim; ou então prosa pirosa, que... olha, reparei agora, uma tem um "i" e a outra não e são duas coisas tão diferentes, pois é?

E depois há aquilo dos advérbios de modo: se eu disser fantasmagoricamente, quem me ouvir pode pensar que eu estou a falar de uma mente fantasmagórica e lá vão achar que eu estou a dizer disparates.
Há coisas assim, muito complicadas.

Outra palavra que eu não percebo é o bruxuleante: alguém me diz se ela vem dos bruxos, das bruxas ? Quer dizer que alguém oscila entre coisas da bruxaria?

E essa coisa de estar melancólica, tem alguma coisa a ver com cólicas e com melões? É que se não tem, não sei porque e que brincam com as pessoas!

E sempre achei a história do aterrar muito esquisita: aterrar um avião quer dizer assustá-lo de morte? Ai não? Então e aterrar uma pessoa, é pousá-la no chão? Não me digam que não é confuso...

Pronto, isto era o que eu perguntava se fosse criança, mas agora sou crescida, já não dá.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Parabéns!

Como admiradora da BOA música do Brasil, não posso deixar de dar os parabéns a João Bosco, que hoje faz 63 anos. E, já agora, à minha bisavó, mãe do meu avô Zé, que a semana passada completou 111 anos, sim 111, tornando-se assim a pessoa mais velha de Portugal, e a quinquagésima do mundo. É obra... a do Bosco e a da minha bisavó, que ainda bebe o seu chazinho no lar e está em melhor forma do que muitas colegas suas, mais novinhas. Votos de saúde, que é do que todos estamos a precisar, e um grande bem haja aos dois!

sábado, 11 de julho de 2009

O ninho


A casa é o nosso ninho. Cuidar dele é um ofício sem fim. Quando a vida nos permite, vamos aconchegando, como pássaros, o cantinho onde decidimos morar: um ramo aqui, um tufo de penas acolá. Um trabalho moroso que se arrasta ao longo dos anos. Às vezes deixamos esse ninho para segundo plano, afundados em dias cheios de pressa. E a casa espera, paciente. Como um subtil pedido de socorro. os móveis rangem, as paredes e os muros suspiram, abrindo fendas.
Um dia o coração da casa atinge-nos e damos por nós dizendo:
- Chega! Hoje que tenho tempo, vou..."
... pendurar um quadro, uma serigrafia;
Colocar a prateleira;
Consertar a gaveta;
Limpar os armários;
Envernizar madeiras...
Sorrindo, a casa agradece, pondo-se mais bela.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Cesto de papéis III


Mais algumas migalhas dos muitos cortes que ando a fazer. E assim tenho ocupado os meus dias...

"Ser amável com M. era algo de maravilhoso. A presença do rapaz de olhos transparentes aquecia o coração a qualquer um e essa era paga suficiente. De resto, sabiam que nunca se escusava a recados e parecia ter tempo para todos. Ninguém sabia de onde lhe vinha tanta energia"

"As lavadeiras chegavam com as cestas de vime pousadas na cabeça, onde antes colocavam uma almofada. Junto ao tanque, de bordos inclinados de pedra macia e ondeada, depunham a cesta no solo e a almofada debaixo dos joelhos e começavam a esfregar as peças, uma a uma, com sabão natural e pedra-pomes."


"As figueiras davam os primeiros figos, perfumando o ar com um aroma fresco e adocicado. A maturação lenta das bagas de zimbro chegara ao ponto ideal, ostentando um tom azul-negro. As folhas, em ventrículos de três, mostravam já as flores amarelas e pareciam agulhas verde-prateadas. Os caules ocos, estriados e redondos da valeriana adornavam-se de lagartas. Toda a vegetação se enfeitava de cor e viço, celebrando o período estival."


quarta-feira, 8 de julho de 2009

Coisas assim

Deitei-me feliz por ter nascido. Teve algo a ver com uma troca de emails com a patuska, centrada numa foto tirada na Índia; teve algo a ver com o facto do meu tio me ter perguntado se eu nunca pensei em ir para advogada, e comentar que eu tinha um sentido apurado de justiça; ou de eu, num desabafo, ter confessado ao meu marido que não me apetecia NADA ir às compras do mês e de ele se ter oferecido para ir no meu lugar, chegando às tantas, bem-humorado, com tudo o que havia na lista; teve algo a ver com o facto de eu ter agradecido com um caril de gambas caprichado e deixá-lo ir lá para baixo descansar; e de eu continuar a minha missão de tartaruga ninja e constatar que cortar não é o fim do mundo; e de o Micas, que está feliz por ir fazer dez anos, me ter enviado um email a dizer "cara tia, estou a escrever um livro"; de ter feito um teste rigoroso de língua portuguesa com o resultado de 92%; do Chico, o nosso cão de 6 meses, começar a saber comportar-se... coisas assim, como estas.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Cesto de papéis II

E já lá vão 43.700 caracteres. Aqui estão algumas migalhas:
"E o seu desejo era morrer, apesar de não conhecer a morte, nem de longe, como era o caso de todos os habitantes da ilha. Era, no entanto, a tristeza a que aspirava, sem saber."
/

"M. terminou o exame à cozinha, inspirando, a deixar passar pelas narinas o cheiro morno do caramelo que lhe animou a alma e o corpo todo."
/

"Os duendes domésticos são conhecidos por adorarem pôr-se ao calor das lareiras. É evidente que, em pleno Agosto, não há necessidade alguma de queimar lenha, mas vá lá explicar-se tal evidência a uma criatura obstinada destas: com o humor inconstante que têm, são capazes de, por simples despeito, deixar a casa num reboliço."

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Cesto de papéis I

Digo adeus a estes parágrafos que escrevi:

"À sombra das bétulas, entre a Flor d’Água e a Floresta de Lapsus, crescem agáricos vermelhos e brancos: os círculos pequenos dão provas da presença de seres diáfanos, onde elfos carecas organizam os seus festins.O espírito de circula no ar, em ameaça. Libitum passeia-se com cautela no âmago da floresta: quer ver, sem ser visto, pois os faunos são impopulares junto dos ilhéus. Os cascos fendidos de bode fazem estalar os ramos de sabugueiro. Uma mãe mais atenta, que se afastou do grupo com a filha de quinze anos, vislumbra um chifre retorcido por entre a folhagem. Sente nas narinas um vago aroma de vinho."

"(versos) que falavam da alma das flores, da luz, de amor e união. Nessas semanas, no canto inferior esquerdo da primeira página, lia-se um pensamento profundo, que mais não era do que uma chamada de atenção, um memorando que pretendia tocar a consciência dos insulanos durante as viagens de M. para que eles se dedicassem a meditar um pouco nas coisas positivas, tornando-se mais fortes e confiantes. O feiticeiro sabia que a inteligência deles se rebelava à primeira oportunidade: bastava abandonar o seu jardim, que logo as ideias agrestes despontariam, cercando os cantos"

domingo, 5 de julho de 2009

Bem quero acreditar na humanidade, mas não me deixam

Continuo armada em Tartaruga Ninja, cortando furiosamente com a minha espada. De tal maneira, que nem dei pelo passar das horas: olha, pensei, são 1.03 e hoje (ontem) não escrevi.
A coisa mais interessante que me aconteceu hoje (ai! ontem) foi ter recebido o reembolso da DGCI, mais cedo do que era esperado. Será, mas será, que este gesto altruísta traz água no bico? Estará relacionado com o facto de ir haver eleições em Outubro? Não, que disparate, lá estou eu a ser mázinha.
Ah, é verdade, e o outro lá conseguiu emprego na Fundação Berardo. Ainda bem que lhe apareceu um empregozinho tão depressa, que assim o senhor não chegou a passar fome, coitadinho.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Tartaruga Ninja


Ok, tenho de cortar cerca de 270 mil caracteres, ou seja, agarrar na minha espada e, qual tartaruga Ninja, arrancar cabeças, braços e pernas, até ficar com o tronco, ou uma coisa assim. Comecemos, pois, de fita amarela bem apertada na cabeça. Ayyyaaah!!!

Do amúo ao humor, porque não?

Bom, eu até nem sou pessoa de falar de actualidades, sou mais virada para as coisas intemporais. Mas desta vez não resisto: num país em que, em plena sessão na Assembleia, um ministro faz corninhos a um deputado, só dá para rir.
Fica provado que é preciso atenção: incompetência, tudo bem, má-criação, é que não se admite! O senhor vai de férias ("porque merece") e não parece nada preocupado. Será, mas será, que já tem outro tacho garantido? É que o senhor, apesar de ter chegado "apenas " a Ministro da Economia, diz que nem sequer fazia questão na carreira, imagine-se. Diz que é pai, que é filho, que as pessoas ralham muito e tal, que é chato. Coitadinho, tenho tanta pena dele.
Imbuída neste espírito circense, deixo-vos com uma anedota deliciosa:
O alemão pergunta:
- Entschuldigung, können sie Deutsch sprechen?'
Os dois alentejanos ficaram mudos.
Tentou de novo:
- 'Excusez-moi, parlez-vous français?'
Os dois continuaram a olhar para ele impávidos e serenos.
- Prego signori, parlate italiano?'
Nada por parte dos alentejanos.
- Perdon, hablan ustedes español?'
Nenhuma resposta.
- Excuse me, do you speak English?'
Nada.
Angustiado, o alemão desiste e vai-se embora. Um dos alentejanos vira-se para o outro e diz:
- Talvez devêssemos aprender uma língua estrangeira...
– Mas para quê, compadre? Aquele gajo sabia cinco... E adiantou-lhe alguma coisa?